Centro de Documentación da AELG
ArtNatura - [Texto íntegro]
Obra colectiva

e eu digo NOM!!!!!!!!!

Meu digno mar que um dia te ferirom.
Mar trovadoresco de Meendinho.
Mar vanguardista de Manuel António.
Mar feito lirismo por Bernardino Granha.
Mar feito ausências por Modesto Fraga.
Onda pictórica, onda onírica de Urbano Lugris.
Sei que ainda choras o sal bravio daquela desfeita sangrenta.

Que agora umha nova Maré Negra assolaga a tua costa,
a nossa terra,
invadida pola miséria do arrepio,
negra,
negro fume mais que nunca,
lento veneno mortal,
poderio assassinando o património do nosso prado montanhês.

Os Eidos de Ugio Novoneira.
As Vacas de Fisteus de Lupe Gômez.
Os Cômaros Verdes de Aquilino Iglésias.
As verdes leiras de Maria Marinho.
A espiga rebelde no pincel de Maruja Malho.
Barbadelo dos meus antepassados.
Vimianço. Fisterra. Dumbria. Negreira.
A Estrada. Oia. A seiva verde do Barbança.
O paraíso limiano de Antom Tovar,
carvalho que te converterom em bágoa.
Os canhons do meu Sil profundo.
Áuria dourada, agora negra.
Aviom. O Irijo. Amoeiro. A Godinha.
Todo o país agoniza,
arde na brasa,
na muxica,
feitizo tremebundo nos rostos impotentes do vizinho luitador.
Lapas iminentes na porta de almas puras que abrangem as mangueiras da força a fazer honor.
E assim arriscades a vida para salvar a vida.

Se Rosalia de Castro vivisse,
desprenderia bágoas pola sua pena com cheiro a lume e sangue efervescente.
Se Rosalia vivisse,
escreveria com coraçom ferido, pero nunca desde a derrota.

Se Pondal alentasse,
berraria,
punho ergueito,
desde os seus Queixumes dos pinos ardendo na distância e na cercania.

Se a voz furiosa de Curros Henriquez espertara,
as palavras chegariam para dizer tudo e nada.

Se Luís Pimentel protestasse,
a nossa pátria ametralhada
erigiria a força rude dos caminhos.

Se Alexandre Bóveda sobrevivisse às balas da ditadura,
as suas mãos seriam semente na cinza dos carvalhos,
a Galiza Mártir luitaria pola bandeira da liberdade imorredoira.
Gonçalo Acosta Pam. José, Germám Ádrio.
Telmo Bernárdez. Rogélio Bugalho.
Amâncio Caamanho. Vítor Casas.
Paulo Novas. Ramiro Paz.
Luís Poça. Benigno Rei. Joám Rico.
Os condenados à orgia da Caeira.

Alexandre, o nosso exiliado,
o nosso fuzilado na repressom berraria desde as entranhas:
“As labaredas da sua cruenta cegueira nom lhes deixam ver”.

E assim se vai erguendo,
amortalhado na injustiça,
coa protesta nos beiços e os fuzis na gorja.
“Porca miséria!!”, a coro Maria José Queizám.
“A bandeira da nossa Redençom”, a coro Afonso Castelão.
O coro polifónico da denúncia,
pinheiro desfolhado na testa do arvoredo;
o coraçom de Bóveda caindo....indo, indo,
o tronco esvaecendo...endo, endo....ardendo.
Política e natureza a um tempo.
“....Porca miséria!!”

Onde jazem os castinheiros e as carqueijas?
Onde aninharám a rola e a andorinha?
Onde crescerám os tojos e as camélias? Onde criminais da terra?

Mas na voz do povo galego nom haverá rendiçom:

Deixarei a minha ossamenta petrificada nas cinzas do medo infame,
e nom nos vencerám!

Perderei-me na borralha do construtor que recende a hipocrisia,
pero nom nos vencerám!!
Colherei o caldeiro de água impoluta, encherei-o, encherei-o, encherei-o!!!
pero sei que nom nos vencerám!!!

Arrincarei a raiz do culpável,
do seu séquito podre,
da falsa promessa sobre a que cuspirei veneno molhado,
água transparente,
que nom nos vencerám!!!!

Pirómanos,
especuladores,
ratas sarnosas de cloaca urbanística,
verdugos contaminados de indecência,
terroristas ecológicos,
traficantes políticos,
harpias da suja economia,
sodes a vergonha ruim da condiçom humana,
porque nem sequer pertencedes ao Homo Sapiens, raça satânica.
nom, nom nos vencerám!!!!

Acabaredes cos recursos naturais e animais,
a vossa nojenta atitude demolerá espécies autóctones,
na terra e no mar.

Enladrilharedes as costas e as praias,
construiredes campos de golfe para quatro pobres privilegiados,
que nom, nom, nom nos vencerám!!!!!

Capitalistas que promovedes o enriquecimento massivo a curto prazo:
Nom sodes mais que maçã envenenada e fedorenta,
a catástrofe do noso EDÉM,
o deserto para o futuro que já é presente,
o mar sem vida,
os bosques enxebres, selvagens,
a nossa colheita frutuosa,
o trabalho perdido de geraçons lavradoras e marinheiras.

Prometeu desceu aos infernos e parece nom volver.
O alento férreo da nossa dignidade asfixiará a hecatombe da vossa covardia.

Seredes vencidos. LUME NUNCA MAIS.